O álbum 12 Vistas do Rio de Janeiro, feito a partir dos desenhos do alemão naturalizado brasileiro Karl Robert von Planitz (1806-1847), já foi reproduzido com variações algumas vezes. No aniversário de 400 anos da cidade, em 1958, a Biblioteca Municipal fez uma edição com o título de O Rio de Janeiro na Maioridade, com tiragem de 2 mil exemplares rubricados. Quatro anos depois, com o título de O Rio de Janeiro Imperial as mesmas gravuras foram publicadas com tiragem de mil exemplares e editadas pela Panair do Brasil. Mais uma reprodução foi feita em 1964, sob o título de O Rio de Janeiro na maioridade: coleção de 12 vistas do Rio de Janeiro desenhadas pelo Dr. Carlos Roberto, Barão de Planitz, edição do Banco do Estado da Guanabara.

Aqui na Brasiliana Iconográfica é possível observar em seus originais os detalhes que tornaram os desenhos de Planitz tão famosos.

Botafogo e Caminho de S. Clemente (Rio de Janeiro)

A pintura acima, um nanquim sobre papel datado de 1840, faz parte da série de desenhos preparatórios para o álbum 12 Vistas do Rio de Janeiro. Retrata uma vista de Botafogo, bairro que naquela época era considerado um subúrbio chique do Rio de Janeiro, com suas chácaras habitadas por ingleses e outros estrangeiros que queriam fugir do calor da cidade. Como escreveu o historiador e crítico de arte Gilberto Ferrez (1908-2000), "a orla da praia de Botafogo desenvolveu-se logo após a transferência da corte portuguesa para o Rio, graças, principalmente, aos ingleses. Já o interior da vasta planície até o Humaitá foi povoado mais lentamente, por ser o terreno alagadiço em vários lugares. Ainda por volta de 1840, segundo as litografias de Speckter & Cia, baseadas nos desenhos de Carlos Roberto, barão de Planitz, perdurava esta situação". (In A Muito Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, Textos e organização Cândido Guinle, Edição Raymundo de Castro Maya. Rio de Janeiro: Cândido Guinle de Paula Machado, Fernando Machado Portella, Banco Boavista S. A., 1965)

Botafogo e Caminho de S. Clemente. Rio de Janeiro

A mesma imagem (acima) pode ser vista também aqui, mas agora numa litografia publicada em 1857, editada pela Speckter & Co, empresa fundada pelo ilustrador e gravador alemão Otto Speckter (1807-1871), em Hamburgo. Com o recurso do zoom, é possível perceber algumas pequenas diferenças entre as duas imagens, como os dois homens próximos ao banco que na pintura olham para a frente e na gravura, para o papel que têm nas mãos. Também é possível perceber diferenças nos traços do rosto do homem que acena para eles com o chapéu na mão.

Árvore genealógica de D. Pedro I (atribuído)
Árvore genealógica de Dona Leopoldina (atribuído)

Karl Robert von Planitz, que no Brasil também ficou conhecido como Carlos Roberto de Planitz, ou Barão de Planitz, foi um aristocrata, doutor em filosofia, que chegou aqui por volta de 1832. Em 1840, pediu sua naturalização brasileira. Além das vistas do Rio, ele também desenhou as árvores genealógicas de D. Pedro I e das imperatrizes Leopoldina (acima) e Teresa Cristina, em 1842. Fez também o Atlas Genealógico da Augustíssima Casa de Bragança recebendo por esse trabalho a Ordem de Cristo e a nomeação de Escrivão dos Brasões e Armas da Nobreza e Fidalguia do Império. Trabalhou na Biblioteca Nacional, de onde saiu em 1842 para se dedicar a sua carreira de professor de História e Geografia no Colégio Pedro II, fundado em 1837.

Vista da Cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro tirada da Ilha das Cobras

Mas foi pelas vistas da cidade que se tornou mais conhecido. A gravura acima, que retrata a cidade a partir da Ilha das Cobras, é a reunião de quatro estampas, sendo que três delas também podem ser observadas separadamente (abaixo) aqui no portal. 

Vista da Cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro tirada da Ilha das Cobras
Vista da Cidade de St. Sebastião do Rio de Janeiro tirada da Ilha das Cobras
Vista da Cidade de S. Sebastião tirada da Ilha das Cobras

A Ilha das Cobras foi um local escolhido por vários artistas para criar, a partir dali, seus panoramas da cidade, retratando a baía com seu trânsito de navios, o centro do Rio e seus edifícios, a cidade de Niterói, os relevos e a vegetação que os encantavam.

Vítima de febre amarela, o Barão de Planitz morreu em 7 de junho de 1847, "nos braços de seus alunos", segundo Gilberto Ferrez.