O termo Brasiliana designa, em termos gerais, aquilo que diz respeito à cultura e história do Brasil, incluídos estudos, publicações, referências visuais e outros tipos de documentos. A definição contempla as fontes datadas a partir do século XVI, quando começam a circular os primeiros mapas e livros sobre a América Portuguesa, abrangendo também pinturas e estudos científicos sobre a natureza do país, difundidos ao longo do século XIX. 

O projeto Brasiliana Iconográfica propõe-se reunir em um mesmo portal web fontes iconográficas – desenhos, aquarelas, pinturas, gravuras e impressos – dispersas por coleções públicas e privadas no Brasil e no exterior, tornando-as acessíveis à consulta virtual de um público amplo e internacional.

Inicialmente, estarão disponíveis dados técnicos e imagens em alta resolução dos acervos de Brasiliana, pertencentes a instituições diretamente envolvidas na criação deste portal. São elas: Fundação Biblioteca Nacional e Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro), Pinacoteca de São Paulo e Instituto Itaú Cultural (São Paulo). Pretende-se que este portal seja enriquecido com material proveniente de outras coleções de mesmo perfil. Dessa forma, Brasiliana Iconográfica apresenta-se como instrumento de preservação digital desse patrimônio, cuja extensão nem os especialistas desta área de estudo avaliam com precisão.

Mais do que oferecer um repertório de imagens sobre o Brasil, datadas desde o século XVI até as primeiras décadas do século XX, o projeto prevê que o Brasiliana Iconográfica transforme-se numa espécie de “museu virtual”, espaço destinado ao debate e à reflexão sobre o tema. Para tanto, especialistas serão convidados a redigir comentários e conteúdo interpretativo sobre conjuntos de obras e a organizar mostras temporárias que possam fazer referência, por exemplo, a efemérides históricas, ou mesmo a aspectos da linguagem artística, compartilhados por autores elencados no portal.

Está previsto que o portal seja disponibilizado em outras línguas além do português, para que tenha abrangência geográfica e possa abrigar contribuições vindas de diferentes partes do mundo. O objetivo do projeto é tornar Brasiliana Iconográfica um espaço virtual de referência dos estudos sobre a iconografia relativa ao Brasil. 

Os parâmetros utilizados para seleção das imagens do portal Brasiliana Iconográfica estão descritos a seguir: 

Da natureza das imagens

São considerados os registros originais e únicos (como aquarelas, desenhos ou pinturas a óleo) e imagens impressas de circulação avulsa ou encadernadas em livros. Essas imagens devem configurar-se como descrições do território (incluídas a paisagem e a cartografia), da natureza (imagens de botânica, zoologia etc.) ou da sociedade (cenas de costumes, de etnografia, ou registros de fatos históricos). Incluem-se também retratos de personalidades, entendidos como destinados à divulgação de uma imagem política do país no exterior, como é o caso, por exemplo, dos retratos de políticos ou da família imperial.

Da autoria das imagens

São considerados autores com treinamento artístico formal e amadores, estrangeiros e brasileiros, cujas práticas artísticas aproximem-se do procedimento descritivo ou científico que orienta a iconografia de viagem do século XIX. A iconografia dos viajantes é privilegiada nesta seleção. Incluem-se também imagens de autoria de artistas estrangeiros, radicados no país, ou mesmo daqueles que nunca aqui estiveram, mas que se apropriam de imagens de outros autores, como é o caso, por exemplo, do editor flamengo Theodore de Bry. 

Do recorte cronológico

O recorte cronológico proposto abrange desde as primeiras imagens divulgadas sobre o país, logo após a chegada dos portugueses no século XVI, até o início da década de 1920. O centenário da independência, em 1922, será adotado como marco final desta cronologia. Isso se justifica, por um lado, por se considerar que ali se consolida um processo de construção de uma imagem de nação brasileira, processo este que deve muito, em seu início, à iconografia propagada pelos artistas viajantes a partir de 1808. Outras versões de uma história nacional serão reelaboradas posteriormente, inclusive nas décadas de 1960 e 1970, mas baseadas em conceitos diversos dos de natureza e território, predominantes na iconografia tradicionalmente chamada de Brasiliana. Por outro lado, na década de 1920, propagam-se no meio artístico brasileiro novas noções de modernidade. Tais noções, fundam-se na valorização da subjetividade e das pesquisas de linguagem, que divergem do cientificismo e objetividade predominantes no século XIX.