Karl Ernst Papf (1833-1910) começou a estudar pintura aos 17 anos na Academia de Pintura de Dresden, sua cidade natal. Em 1867, já casado e com um filho, veio ao Brasil para trabalhar na firma Albert Henschel & Cia., do fotógrafo alemão Albert Henschel (1827-1882), no Recife. Com o sucesso da empresa, Papf foi transferido para a nova filial em Salvador e passou cerca de dez anos no Nordeste. Ele se especializou no que se chamou de fotopintura, processo criado em 1863, que consistia em pintar à mão sobre fotografias, retocando ou colorindo, com tinta a óleo ou aquarela. Esse tipo de trabalho, criticado na época pelos puristas da arte, se tornou muito popular por ser durável, além de mais acessível e prático do que um retrato tradicional, que exigia maior talento do pintor e mais tempo posando do retratado.
Em 1877, Papf foi para o Rio de Janeiro, ainda trabalhando para a mesma firma de fotografia, e na capital ganhou mais notoriedade pintando retratos da família real. No ano seguinte, mudou-se para Niterói, onde faleceu sua esposa, Sofia Schaedlich, e em seguida se casou com a sobrinha, Helene Schaedlich, com quem teve mais cinco filhos. Paralelamente a seu trabalho na empresa, Papf continuou a pintar naturezas mortas e paisagens, como as duas vistas de Petrópolis (acima e abaixo), para onde se mudou em 1880, e a expor suas obras. Em 1884, criou sua própria firma, a Photographia Papf, nessa mesma cidade.
Seu filho do primeiro casamento, Jorge Henrique Papf, permaneceu em Petrópolis, à frente da empresa, quando o pai se mudou para São Paulo, onde continuou a trabalhar. Papf faleceu em 1910, aos 77 anos, em sua casa na Fazenda das Palmeiras em Mogi das Cruzes.
Alguns anos depois de Papf, em 1875, o aquarelista Bernhard Wiegandt (1851-1918) chegou no Brasil e foi viver no Pará, onde seu irmão, Conrad Wiegandt, tinha uma empresa de litografia. Antes, havia trabalhado como pintor de cenário em Berlim e Hannover. Wiegandt pintou diversas paisagens pelo Brasil, muitas da Amazônia, e expôs suas obras no Rio de Janeiro, onde se consagrou como exímio aquarelista (acima). Abaixo, uma pintura a óleo sobre tela de Wiegandt, com data de 1878. Em 1880, ele voltou para a Alemanha, onde continuou a pintar até sua morte, em Bremen.
O pintor, aquarelista, decorador, cenógrafo e professor Benno Treidler (1857-1931), que estudou na Academia de Belas Artes de Berlim, onde nasceu e atuou como cenógrafo, chegou ao Brasil em 1885 para trabalhar na Casa da Moeda, possivelmente enviado pelo governo alemão. No Rio de Janeiro, deu aulas de pintura e fez trabalhos de decoração no Banco do Brasil e no teto do salão de honra da antiga sede do Jockey Club do Brasil, entre outros prédios. Treidler deixou na Alemanha sua mulher e dois filhos, que se mudaram para cá depois da morte da mãe.
"O ano de 1894 marcou o início do apogeu de sua carreira no Brasil. Expôs no Ateliê Fotográfico Insley Pacheco, apresentando dois trabalhos que despertaram o entusiasmo da imprensa, bem como participou da Exposição Geral deste ano, quando foi premiado com a terceira medalha de ouro. Foi incluído na Exposição de Arte Retrospectiva, realizada em 1898 (...). Nesta exposição, apresentou duas aquarelas, gênero em que havia se aperfeiçoado, já sendo considerado um especialista", escreveu a historiadora e crítica de arte Maria Elizabete Santos Peixoto, no livro Pintores alemães no Brasil durante o século XIX (Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 1989). Duas aquarelas de Treidler (acima e abaixo) mostram paisagens do Rio de Janeiro.
O artista casou-se de novo e teve mais três filhos. Morreu aos 74 anos em sua casa no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro.